segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Charlie Chaplin - Monsieur Verdoux

Ontem à noite (sábado, dia 29, para domingo, dia 30) vi na RTP 2, Monsieur Verdoux. Trata-se de um filme de Charlie Chaplin, realizado em 1947. O argumento original era de Orson Wells, depois Chaplin adquiriu-o e adaptou-o. A história inspira-se na vida do criminoso francês Landru, serial killer executado em 1922, acusado do assassinato de onze pessoas. Parece que este se dedicava a seduzir e matar mulheres sós, para as roubar. Usava o produto do roubo para sustentar a sua família, mulher e quatro filhos.

Chaplin procura integrar o criminoso no ambiente da época, de grande crise económica, em que as pessoas eram obrigadas para viverem a lançar mão de toda a espécie de recursos, muitas vezes à margem da moral e das leis. A concorrência feroz, a falta de escrúpulos na política e nos negócios, a coexistência de um luxo chocante e de uma pobreza crudelíssima e sem esperança, levam Mr. Verdoux, bancário lançado no desemprego e no desespero ao fim de 37 anos de trabalho, a procurar no roubo e no assassínio o sustento da mulher inválida e do filho pequeno.
Do que conheço da obra de Chaplin este filme constitue talvez o que melhor traduz o seu pensamento sobre a sociedade contemporânea. Pessoalmente sempre tive dificuldade em apreciar Chaplin, talvez porque sempre o achei de uma tristeza espantosa. Nunca consegui rir com os seus filmes, sem dúvida que por deficiência minha. Mas em Monsieur Verdoux encontrei uma explicação: as graças, os finais felizes que constantemente se encontram nos outros filmes, destinaram-se a amenizar uma visão profunda (e julgo que correcta) do que é a vida na sociedade moderna. A ferocidade do comportamento do personagem, os gagues utilizados para satirizar os vários tipos sociais, caricaturizam os valores dominantes, que a hipocrisia oficial mascara muito mal. Julgo tratar-se efectivamente do auge da obra de Chaplin, e que é este filme que está na origem de ter de se exilar de Hollywood e dos EUA.

sábado, 29 de dezembro de 2007

Fernando Pessoa

Mensagem



OS TEMPOS


NOITE


A nau de um deles tinha-se perdido
No mar indefinido.
O segundo pediu licença ao Rei
De, na fé e na lei
Da descoberta, ir em procura
Do irmão no mar sem fim e a névoa escura.
Tempo foi. Nem primeiro nem segundo
Volveu do fim profundo
Do mar ignoto à pátria por quem dera
O enigma que fizera.
Então o terceiro a El-Rei rogou
Licença de os buscar, e El-Rei negou.
Como a um cativo, o ouvem a passar
Os servos do solar.
E, quando o vêem, vêem a figura
Da febre e da amargura,
Com fixos olhos rasos de ânsia
Fitando a proibida azul distância.
Senhor, os dois irmãos do nosso Nome
O Poder e o Renome -
Ambos se foram pelo mar da idade
À tua eternidade;
E com eles de nós se foi
O que faz a alma poder ser de herói.
Queremos ir buscá-los, desta vil
Nossa prisão servil:
É a busca de quem somos, na distância
De nós; e, em febre de ânsia,
A Deus as mãos alçamos.
Mas Deus não dá licença que partamos

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Fernando Pessoa

Ricardo Reis

Nada Fica
Nada fica de nada.
Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.
Leis feitas, estátuas vistas, odes findas -
Tudo tem cova sua.
Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Raymond Chandler

The New York Review of Books, na sua edição de 6 de Dezembro, traz uma interessante recensão, intitulada The Knight of Sunset Boulevard, relativa ao livro The Long Embrance: Raymond Chandler and the Woman He Loved, de Judith Freeman. A recensão é de Pico Lyer, que a certa altura transcreve o excerto seguinte, que Chandler terá escrito já perto do fim da sua vida:

You can make all sorts of jokes about sex, but at the bottom of his heart every decent man feels that his approach to the woman he loves is an approach to a shrine. If that feeling is lost, as it seems to have been lost (in this country at the moment) all of us are lost with it. The glory has departed. All that is left is to die in the mud.
É sem dúvida uma frase interessante, para quem escreveu Farewell, my lovely ou The High Window.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Manuel Ribeiro de Pavia (1907-1957)

Manuel Ribeiro de Pavia, As Líricas - Desenho VIII - Planície (1950).


As Líricas encontram-se na Casa Museu Manuel Ribeiro de Pavia, em Pavia, no concelho de Mora. Foram editadas num álbum pela Editorial Inquérito em 1950. O autor dedicou-as ao poeta José Gomes Ferreira.

Eça - Prosas Bárbaras

Notas Marginaes - XIII

Houve um tempo em que andavam exiladas dos logares humanos as estatuas, que tinham feito a lenda da belleza antiga. Eram de marmore pallido, e a sua nudez era dôce e melodiosa.
Outr'ora, no tempo dos idyllios divinos, quando ainda vivia o grande Pan e havia deuses debaixo das estrellas, ellas viviam entre os jogos, as choreias, a luz e as flôres: brancas, como as espumas ionias; serenas, como a lua de Delos; melodiosas, como a voz das sereias.
Agora andavam perseguidas e errantes pelas florestas sonoras, e envolvidas na consolação imensa, que sáe do canto das aves, e da frescura das plantas.
Ás vezes um cavalleiro, batalhador escuro, que voltava das cidades de oiro e de coral, encontrava uma das brancas peregrinas, como uma apparição de languidez e tristeza, evocada pela musica das ramagens. E se elle por acaso deixava mergulhar nos seus olhos os raios brancos e avelludados dos olhos de marmore, ao outro dia os caminheiros, os que vão de noite cantando à molle claridade das estrellas, encontravam, junto das grandes arvores pensadoras, um corpo inanimado e livido, como aquellas creanças das lendas, a quem as bruxas chupam o sangue!
Esta historia é de ha seiscentos annos - e de hontem á noite ...


Transcrevi este escrito, que deve datar de 1867, da edição de 1942, da Livraria Lello & Irmão Editores. É o auge do Eça romântico, que ele depois renegou. Nesta edição é de fazer uma referência à introdução de Jayme Batalha Reys, que dá elementos preciosos sobre a pessoa do Eça, e sobre o início da sua carreira literária.

O livro existe na Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira, com a cota QRZ 821.134.3-32

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Uma refinaria a 50 quilómetros de Portugal

O Público de 4 de Dezembro de 2007 informa que, na Estremadura espanhola, em Los Santos de Moimona, o grupo Gallardo projecta construir uma refinaria, sem que seja conhecida a avaliação do impacto ambiental. Uma ONG, a Plataforma Cidadã Refinaria Não (PCRN) apresentou uma queixa à Comissão Europeia denunciando um pedido de captação de água na albufeira de Alanje, que poderá ser incompatível com a manutenção do caudal ecológico do Guadiana. A construção da refinaria implicaria que as águas residuais seriam despejadas no Guadjira, afluente do Guadiana. O projecto é apoiado pela Junta da Extremadura, mas Cristina Narbona, ministra do Ambiente, é de opinião contrária.

Organizações ambientalistas portuguesas (GEOTA, LPN) promoveram no dia 4 de Dezembro, em Moura, um colóquio sobre este projecto. A PCRN diz que é graças à sua movimentação que a refinaria ainda não foi construída. Pergunta-se: para quando uma tomada de posição do governo português sobre este assunto?

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Por falar em luxo ...

Le luxe, ce n'est pas le contraire de la pauvreté mais celui de la vulgarité

Coco Chanel (1883 - 1971)

Esta frase vem transcrita no suplemento Primus, do Público de 17 de Novembro de 2007. Numa espécie de editorial, Fernando Correia de Oliveira, pessoa de que nunca ouvi falar, introduz esta frase, e faz vários comentários. Refere inclusive que: "Stéphane Benoit-Godet, director da revista francesa Bilan aponta, certeiro, quando diz que o luxo "passou de cartão de visita de uma elite, na sua origem, para se transformar em acessório de moda". E prevê que luxo, sendo como foi sempre o que é caro e inútil, será cada vez mais o que é raro.

Será que realmente haverá que considerar que está a ocorrer uma alteração no contorno da palavra luxo? E não estaremos perante uma questão muito superficial? De um certo prisma, talvez não. Há realmente uma modificação, no aspecto em que o desenvolvimento da produção, ligado à evolução das tecnologias, levou a que muitas coisas cuja posse ontem seria um luxo hoje já não o é. Contudo constata-se que, da parte de certos eleitos (estará correcto este termo?), permanece uma ânsia de diferenciação do comum dos mortais. E o editorialista remata assim: "Luxo, verdadeiro luxo, nos dias que correm, é também ser indiferente a essa busca de reconhecimento social".

Pessoalmente, acho haver uma grande ambiguidade nessa afirmação. Quem quer escapar à vulgaridade (como Coco Chanel parece encorajar) procura com certeza o reconhecimento social. Não me parece realmente que Fernando Correia de Oliveira tenha detectado essa contradição com a sua frase final.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Sobre a democracia parlamentar

Leiam este escrito de Tony Benn, nos anos 70:
"As a minister, I experienced the power of industrialists and bankers to get their way by use of the crudest form of economic pressure, even blackmail, against a Labour Government. Compared to this, the pressure brought to bear in industrial disputes is minuscule. This power was revealed even more clearly in 1976 when the IMF secured cuts in our public expenditure. These lessons led me to the conclusion that the UK is only superficially governed by MPs and the voters who elect them. Parliamentary democracy is, in truth, little more than a means of securing a periodical change in the management team, which is then allowed to preside over a system that remains in essence intact. If the British people were ever to ask themselves what power they truly enjoyed under our political system they would be amazed to discover how little it is, and some new Chartist agitation might be born and might quickly gather momentum."
Isto tem muita actualidade

domingo, 25 de novembro de 2007

A jangada da Medusa


A jangada da Medusa foi pintada por Théodore Géricault em 1817. Época Romântica.

sábado, 24 de novembro de 2007

A entrevista de Durão Barroso

Há dias Durão Barroso deu uma entrevista em que declarou ter sido enganado quando à existência de armas de destruição maciça no Iraque antes da guerra. O impacto desta declaração foi tão grande, devido ao choque causado pelo descaramento do nosso ex-primeiro ministro, que muita gente não se deteve sobre o que ele disse no fim da entrevista, em relação á eventualidade de se fazer um referendo sobre o novo Tratado Europeu. Disse Durão Barroso que a maioria das pessoas, quando se lhe faz a pergunta sobre se se deve fazer ou não o referendo sobre o tratado, respondem que sim, que se deve fazer. Mas depois abstêm-se de ir votar.
Julgo que esta saída mostra bem o que Durão Barroso pensa das pessoas em geral. E que podemos concluir que Durão Barroso acha que a maior parte dos cidadãos estão atacados de indiferença ou de indolência (provavelmente das duas coisas ao mesmo tempo) e que os líderes podem tomar as decisões que entenderem, sem se preocuparem com o que as pessoas pensam.
Ele tem lata para daqui a uns tempos voltar a Portugal, e pretender ocupar um cargo importante outra vez.

Não se fica rico a trabalhar.

Insiro aqui, com a devida vénia, uma notícia saída no Público de 23 de Novembro de 2007. No blogue Ladrões de Bicicletas, no mesmo dia, o João Rodrigues referiu como esta situação significa o "fracasso de um modelo de desenvolvimento liberal imposto por elites convertidas à ideia de um mercado sem fim". Os dados referenciados foram obtidos no Quarto Relatório da Coesão, apresentado em Junho último. Levanto a questão de como rendimentos de trabalho tão baixos poderão alguma vez corresponder a uma criação de riqueza significativa.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Uma magnífica descendência



Olá. Não está mal, pois não? Mas mandem-me mais fotografias, por
favor. Gosto tanto de vos ver.



domingo, 18 de novembro de 2007

Marta em Tavira


Marta e o pai. Ah... as férias

Gerontion, de Thomas Stearns Eliot


Thou hast nor youth nor age
But as it were an after dinner sleep
Dreaming of both.

Here I am, an old man in a dry month,
Being read to by a boy, waiting for rain.
I was neither at the hot gates
Nor fought in the warm rain
Nor knee deep in the salt marsh, heaving a cutlass,
Bitten by flies, fought.
My house is a decayed house,
And the Jews squats on the window-sill, the owner,
Spawned in some estaminet of Antwerp,
Blistered in Brussels, patched and peeled in London.
The goat coughs at night in the field overhead;
Rocks, moss, stonecrop, iron, merds.
The woman keeps the kitchen, makes tea,
Sneezes at evening, poking the peevish gutter.
I an old man,
A dull head among windy spaces.


T. S. Eliot, 1920


T. S. Eliot (1888-1965), recebeu o prémio Nobel da Literatura em 1948.
Transcrevi os versos acima de uma selecção tirada dos Collected Poems, editada pela Faber and Faber pela primeira vez em 1940. Esta edição data de 1999.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Sinbad

When it was the Five Hundred and Thirty-eighth Night,

She said, It hath reached me, O auspicious King, that Sindbad the Porter, after kissing ground between their hands stood with his head bowed down in humble attitude. The master of the house bade him draw near and be seated and bespoke him kindly, bidding him welcome. Then he set before him various kinds of viands, rich and delicate and delicious, and the Porter, after saying his Bismillah, fell to and ate his fill, after which he exclaimed, "Praised be Allah whatso be our case!" and, washing his hands, returned thanks to the company for his entertainment. Quoth the host, "Thou art welcome and thy day is a blessed. But what is thy name and calling?" Quoth the other, "O my lord, my name is Sindbad the Hammal, and I carry folk's goods on my head for hire." The house-master smiled and rejoined, "Know, O Porter that thy name is even as mine, for I am Sindbad the Seaman; and now, O Porter, I would have thee let me hear the couplets thou recitedst at the gate anon." The Porter was abashed and replied, "Allah upon thee! Excuse me, for toil and travail and lack of luck when the hand is empty, teach a man ill manners and boorish ways." Said the host, "Be not ashamed; thou art become my brother; but repeat to me the verses, for they pleased me whenas I heard thee recite them at the gate. Hereupon the Porter repeated the couplets and they delighted the merchant, who said to him, "Know, O Hammal, that my story is a wonderful one, and thou shalt hear all that befel me and all I underwent ere I rose to this state of prosperity and became the lord of this place wherein thou seest me; for I came not to this high estate save after travail sore and perils galore, and how much toil and trouble have I not suffered in days of yore! I have made seven voyages, by each of which hangeth a marvellous tale, such as confoundeth the reason, and all this came to pass by doom of fortune and fate; for from what destiny doth write there is neither refuge nor flight. Know, then, good my lords (continued he) that I am about to relate the

domingo, 11 de novembro de 2007

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A central nuclear de Almaraz

Todos os dias vemos coisas preocupantes. Algumas invadem-nos a toda a hora, como o défice orçamental, a crise no Médio Oriente, o regresso de Santana Lopes, etc. Mas há coisas que estão aí todos os dias, e não as vemos. Ou vemos, e esquecemo-nos de elas. É o caso da central nuclear de Alamaraz.

O El País do dia 6 de Novembro, na pág. 38, informa que no domingo passado, faltou a água na piscina da central onde são arrefecidas as barras de combustível nuclear. Frisa o jornal que esse arrefecimento tem de ser permanente, e que a água não circulou na piscina das 13.00 às 19.50 de domingo. Terá havido uma fuga de água. A bomba de reserva não funcionava por estar em manutenção. Almaraz II é propriedade da Iberdrola. O "incidente" (ou acidente?) foi classificado como de nível 1 (numa escala de 0 a 7, de menor a maior gravidade)

Almaraz fica na província de Cáceres. Ver no Grande Atlas Mundial, do Reader's Digest, o mapa 190-191, quadrícula e5, na parte superior. A água que utiliza para esfriar o combustível nuclear é a água do Tejo. O Conselho de Seguranaça Nuclear ordenou uma inspecção. Ecologistas em Acção pediram que a central fosse sancionada.

E nós, que somos banhados pelo Tejo, em que ficamos?

terça-feira, 6 de novembro de 2007

O opinion maker Timothy Garton Ash

Saiu no Guardian de 1 de Novembro último um texto de Timothy Garton Ash (TGA) intitulado Facing disaster in Iran, Europe must finally make the hard choices. Apareceu traduzido no El País do dia 4. Neste escrito TGA pressiona fortemente os países europeus para que incitem os EUA e o Irão a terem conversações bilaterais e desencadeiem sanções económicas fortes contra o Irão, afirmando ser imperativo que o façam para evitarem dois perigos. O primeiro, de que Georges Bush bombardeie o Irão antes de abandonar a Casa Branca em 2008. O segundo, de que o Irão daqui a uns anos tenha a bomba nuclear. Aproveita de passagem para dar bicadas nos intelectuais pacifistas e anti-nucleares, perguntando onde estão agora, e porque não se manifestam contra a bomba nas mãos dos iranianos. Admite ser um problema que Israel, a Índia e o Paquistão já tenham a bomba, mas é de opinião que já não se pode fazer nada a esse respeito.
Penso que TGA está sobretudo à procura de mostrar serviço aos chefes do Ocidente, que se agrupam na NATO, e procuram manter a todo o transe a superioridade militar nas mãos dos EUA. Implicitamente admite que o Irão mesmo que esteja a tentar obter a bomba, só a terá dentro de anos. Não vê (será que não vê mesmo?) que o Paquistão, país bastante instável, pode deixar cair as armas nucleares em mãos bastante perigosas. E não admite (embora esteja farto de o saber) que o maior perigo para a paz no Médio Oriente ( e com certeza, no Mundo) é o expansionismo israelita, o qual se por enquanto se limita a ir lentamente massacrando os palestinianos, para depois anexar definitivamente os territórios que estes ainda ocupam, mais tarde vai estender as suas ambições à Jordânia, ao Sinai e provavelmente ao Sul do Líbano.
TGA sabe também que as conversações entre o Irão e os EUA, a acontecerem, nunca terão resultados palpáveis, a não ser que o Irão aceitasse ser totalmente tutelado pelos americanos. Estes querem dominar totalmente a produção de petróleo no mundo, razão pela qual foram fazer a guerra no Iraque. Mais tarde ou mais cedo atacarão o Irão. Isso faz parte da estratégia que vêm desenvolvendo praticamente desde a Segunda Guerra Mundial, umas vezes mais claramente, outras vezes menos. Os atentados do 11 de Setembro de 2001 deram-lhes o pretexto para o fazerem mais às claras. Os governantes que sucederem a Bush vão seguir essa política ("a guerra é a política por outros meios"). Claro que invocam boas intenções (combate ao terrorismo, difusão dos valores democráticas, etc. ) . Não se apercebem de que vão perder esta guerra, e vão-nos arrastar para o desatre. A derrota pode ser só daqui a cinquenta ou cem anos, mas vai acontecer. Despertaram um ódio generalizado por todo o mundo árabe e não só. No Paquistão apoiam um ditador como Musharraf, que vai esmagar os elementos mais progressistas da sociedade (e não os taliban, ao contrário do que os néscios pensam) para continuar no poder. No passado, no Irão derrubaram Mossadegh, puseram o Xá no trono e prepararam o terreno para os ayatollahs.
Entretanto, as sanções económicas que a Europa vai impor ao Irão vão servir para enfraquecer este país e facilitar a aventura americana. Mesmo que a China e a Rússia substituam os europeus ser-lhes-á difícil evitar um considerável enfraquecimento militar do país, necessário para a destruição dos alvos estratégicos seja feita com um desgaste reduzido. A guerra vai começar, vaticino, com um ataque israelita a algum alvo considerado fulcral (alguma coisa que possa passar por central nuclear). O Irão vai replicar e então os EUA avançam. O lóbi do petróleo e as indústrias de armamento rejubilarão. E TGA e outros opinion makers escreverão mais uns artigos comentando a posição da Europa.

domingo, 4 de novembro de 2007

Alicante, uma costa destruída

Do El País do dia 2 de Novembro, anteontem, com a devida vénia transcrevo o artigo que segue. Observando o que tem ocorrido em Alicante vemos o que está já a ocorrer em Portugal, e a solução que os espanhóis estão a procurar introduzir. O Governo compra solo para aumentar o espaço público. E se nacionalize, pura e simplesmente, o solo? Não vamos ter de caminhar para essa meta?


REPORTAJE: La destrucción del litoral 3. ALICANTE
Una costa casi privada
El Gobierno comprará suelo para aumentar el espacio público en el litoral de Alicante, cuyo primer kilómetro es el cuarto más edificado del Mediterráneo
SANTIAGO NAVARRO - Alicante - 02/11/2007
La primera línea de costa de Alicante es la cuarta más edificada del Mediterráneo. Según el informe Corine Land Cover, en 2000, el 49,38% del primer kilómetro de costa estaba ya edificado. La invasión de las urbanizaciones privadas, en algunos casos, ha traspasado claramente la raya de los 100 metros de dominio público marítimo-terrestre. Los ejemplos más flagrantes de ese desbocado crecimiento son la urbanización del Bon Nou (siete bungalós a 20 metros del mar) en La Vila Joiosa, dos torres de 22 plantas en la playa de Levante de Benidorm y un hotel de 24 plantas, a seis metros de la orilla del mar, en Calp.
Los únicos rincones a salvo del ladrillo, con la excepción de la playa de Llobella, en Benissa, y dos calas en Torrevieja, son las áreas entorno a los parajes naturales. Es en este punto en el que hará hincapié el plan de choque del Ministerio de Medio Ambiente contra el urbanismo salvaje mediante la adquisición directa de suelo para protegerlo de la piqueta y mediante la redefinición de los deslindes de la zona pública en la costa (en esta provincia queda pendiente el 38%, es decir 106 kilómetros). Todo ello con el propósito de aumentar los espacios públicos en una costa casi privada. "Todo lo que compremos lo haremos con el objetivo de preservarlo de las edificaciones", asegura Vicente Martínez, jefe provincial de Costas. Este departamento ha remitido al Ministerio de Medio Ambiente un total de 117 propuestas para adquirir fincas e inmuebles en el entorno del área de dominio público y parajes naturales, entre las que destacan los 2,8 millones de metros cuadrados del saladar de Agua Amarga, al sur de la costa de la capital alicantina.
En la parte septentrional del litoral alicantino, dominado por los núcleos turísticos de Dénia y Xàbia, la terapia de choque del Gobierno en su batalla por recuperar el carácter público de la costa incluye dos llamativas propuestas: recuperar el espacio de dominio público entre Les Bassetes, los Molinos y el puerto de Dénia, y la adquisición de los terrenos en la franja de 500 metros en el Cabo de San Antonio, en Xàbia. En este segundo municipio se plantea la recuperación de la zona de tránsito y dominio público en la playa del Arenal.
En Dénia, el Gobierno redefinirá la línea de deslinde del río Girona para incorporar al dominio público parte de su desembocadura. Este punto está poblado de urbanizaciones, que quedaron temporalmente anegadas tras la excepcional crecida del río el pasado 12 de octubre.
El siguiente punto donde pone énfasis el plan del Gobierno es el litoral de Calp, otro de los municipios afectados por la reciente riada de Alicante. Aquí, la intención es comprar el Saladar. En este municipio, el Ministerio de Medio Ambiente ha recurrido al Tribunal Superior de Justicia de la Comunidad Valenciana la licencia de obras, otorgada por el anterior gobierno local, del PP, y validada por la Generalitat valenciana, a un promotor para levantar un hotel de 24 plantas a escasos seis metros de la orilla del mar.
"Este es uno de los puntos más agredidos por el urbanismo en la costa alicantina", comenta Carlos Arribas, portavoz en Alicante de Ecologistas en Acción del País Valenciano.
Unos kilómetros más al sur se sitúa el municipio de Altea, donde el Gobierno recuperará la zona de tránsito y se practicarán expropiaciones de edificios fuera de ordenación en Villa Gadea, se protegerá el triángulo del delta del río Algar y se eliminarán las ocupaciones del dominio público y zonas de tránsito desde la cala del Soto hasta la desembocadura del mencionado río. En el cauce del Algar hay programado ya un PAI que prevé levantar unas 6.000 casas, una quinta parte de ellas dentro del primer kilómetro de costa.
Para Benidorm, meca del urbanismo vertical en la costa española, la propuesta es la adquisición de la franja de 500 metros al borde del acantilado de Serra Gelada y ampliar el espacio público de este parque natural con los terrenos urbanos en el rincón de L'Oix, en la playa de Levante. En ese punto, el Gobierno ha iniciado ya el expediente de expropiación del solar, ubicado en la zona de dominio público, donde un promotor estaba levantando dos torres de 22 plantas.
En el tramo de costa comprendido entre los municipios de La Vila Joiosa y El Campello, el documento del Gobierno pone especial atención en la Cala de Finestrat, en el litoral de la primera población, y alerta de la indefinición de los planes de actuación de la zona, donde hay más de 5.000 viviendas particulares y se levantó un hotel, el Atrium, con un exceso de volumetría de 53.000 metros cuadrados (equivalente a 11 alturas) respecto a lo autorizado en el PGOU. El hotel fue legalizado, tras imponer una multa de 12 millones al promotor y obligarle a derribar 14.700 metros del exceso de obra.
En el caso de la fachada litoral de la capital de la provincia, las propuestas más destacadas hacen referencia al tramo sur de la costa, donde el Gobierno propone recuperar la zona de dominio público marítimo-terrestre que ha invadido la urbanización Urbanova.
En Santa Pola, la propuesta más sobresaliente es declarar fuera de ordenación la primera línea de costa construida, y reubicar la carretera que llega desde la playa de El Pinet hasta el puerto para incorporarla el dominio público junto a las salinas y eliminar todas las edificaciones situadas en esa playa (140 casas).
En Guardamar del Segura se plantea recuperar el borde del litoral mediante la denegación de licencias de reparación y recuperación de concesiones en las 120 casas de Babilonia, cuyo mal estado amenaza la seguridad de sus inquilinos.
En Torrevieja, la principal iniciativa es adquirir las únicas parcelas urbanizables todavía sin construir en la desembocadura del río Seco, al sur del barranco Rubio, en la playa de Campoamor y al sur de las playas de Cabo Roig. Para Orihuela, el punto más meridional del litoral alicantino, se propone ordenar los accesos y una senda peatonal en torno a Punta Prima y ampliar la senda entre Cala Flamenca y Cala Cerrada. En la costa de este municipio, el gobierno local del PP, autorizó hace un año la urbanización del último tramo virgen, Cala Mosca, donde está previsto levantar 1.700 nuevas casas.
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sábado, 3 de novembro de 2007

Sinbad

When it was the Five Hundred and Thirty-seventh Night,

She said, It hath reached me, O auspicious King, that when the Hammal set his load upon the bench to take rest and smell the air, there came out upon him from the court-door a pleasant breeze and a delicious fragrance. He sat down on the edge of the bench, and at once heard from within the melodious sound of lutes and other stringed instruments, and mirth-exciting voices singing and reciting, together with the song of birds warbling and glorifying Almighty Allah in various tunes and tongues; turtles, mocking-birds, merles, nightingales, cushats and stone-curlews, whereat he marvelled in himself and was moved to mighty joy and solace. Then he went up to the gate and saw within a great flower-garden wherein were pages and black slaves and such a train of servants and attendants and so forth as is found only with Kings and Sultans; and his nostrils were greeted with the savoury odours of all manner meats rich and delicate, and delicious and generous wines. So he raised his eyes heavenwards and said, "Glory to Thee, O Lord, O Creator and Provider, who providest whomso Thou wilt without count or stint! O mine Holy One, I cry Thee pardon for all sins and turn to Thee repenting of all offences! O Lord, there is no gainsaying Thee in Thine ordinance and Thy dominion, neither wilt Thou be questioned of that Thou dost, for Thou indeed over all things art Almighty! Extolled be Thy perfection: whom Thou wilt Thou makest poor and whom Thou wilt Thou makest rich! Whom Thou wilt Thou exaltest and whom Thou wilt Thou abasest and there is no god but Thou! How mighty is Thy majesty and how enduring Thy dominion and how excellent Thy government! Verily, Thou favourest whom Thou wilt of Thy servants, whereby the owner of this place abideth in all joyance of life and delighteth himself with pleasant scents and delicious meats and exquisite wines of all kinds. For indeed Thou appointest unto Thy creatures that which Thou wilt and that which Thou hast foreordained unto them; wherefore are some weary and others are at rest and some enjoy fair fortune and affluence, whilst others suffer the extreme of travail and misery, even as I do." And he fell to reciting,
"How many by my labours, that evermore endure, * All goods of life enjoy and in cooly shade recline?Each morn that dawns I wake in travail and in woe, * And strange is my condition and my burden gars me pine:Many others are in luck and from miseries are free, * And Fortune never loads them with loads the like o' mine:They live their happy days in all solace and delight; * Eat, drink and dwell in honour 'mid the noble and the digne:All living things were made of a little drop of sperm, * Thine origin is mine and my provenance is thine;Yet the difference and distance 'twixt the twain of us are far * As the difference of savour 'twixt vinegar and wine:But at Thee, O God All-wise! I venture not to rail * Whose ordinance is just and whose justice cannot fail.
"When Sindbad the Porter had made an end of reciting his verses, he bore up his burden and was about to fare on, when there came forth to him from the gate a little foot-page, fair of face and shapely of shape and dainty of dress who caught him by the hand saying, "Come in and speak with my lord, for he calleth for thee." The Porter would have excused himself to the page but the lad would take no refusal; so he left his load with the doorkeeper in the vestible and followed the boy into the house, which he found to be a goodly mansion, radiant and full of majesty, till he brought him to a grand sitting-room wherein he saw a company of nobles and great lords, seated at tables garnished with all manner of flowers and sweet-scented herbs, besides great plenty of dainty viands and fruits dried and fresh and confections and wines of the choicest vintages. There also were instruments of music and mirth and lovely slave-girls playing and singing. All the company was ranged according to rank; and in the highest place sat a man of worshipful and noble aspect whose beard-sides hoariness had stricken; and he was stately of stature and fair of favour, agreeable of aspect and full of gravity and dignity and majesty. So Sindbad the Porter was confounded at that which he beheld and said in himself, "By Allah, this must be either a piece of Paradise or some King's palace!" Then he saluted the company with much respect praying for their prosperity, and kissing the ground before them, stood with his head bowed down in humble attitude.--And Shahrazad perceived the dawn of day and ceased to say her permitted say.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Mais Serviços Públicos a privatizar?

Transcrevo, com a devida vénia, do jornal The Nation de ontem, 1 de Novembro de 2007, um artigo da Naomi Klein, que realmente parece ser uma senhora que não hesita em dizer as verdades:


lookout by Naomi Klein
Rapture Rescue 911: Disaster Response for the Chosen
[from the November 19, 2007 issue]

I used to worry that the United States was in the grip of extremists who sincerely believed that the Apocalypse was coming and that they and their friends would be airlifted to heavenly safety. I have since reconsidered. The country is indeed in the grip of extremists who are determined to act out the biblical climax--the saving of the chosen and the burning of the masses--but without any divine intervention. Heaven can wait. Thanks to the booming business of privatized disaster services, we're getting the Rapture right here on earth.
Just look at what is happening in Southern California. Even as wildfires devoured whole swaths of the region, some homes in the heart of the inferno were left intact, as if saved by a higher power. But it wasn't the hand of God; in several cases it was the handiwork of Firebreak Spray Systems. Firebreak is a special service offered to customers of insurance giant American International Group (AIG)--but only if they happen to live in the wealthiest ZIP codes in the country. Members of the company's Private Client Group pay an average of $19,000 to have their homes sprayed with fire retardant. During the wildfires, the "mobile units"--racing around in red firetrucks--even extinguished fires for their clients.
One customer described a scene of modern-day Revelation. "Just picture it. Here you are in that raging wildfire. Smoke everywhere. Flames everywhere. Plumes of smoke coming up over the hills," he told the Los Angeles Times. "Here's a couple guys showing up in what looks like a firetruck who are experts trained in fighting wildfire and they're there specifically to protect your home."
And your home alone. "There were a few instances," one of the private firefighters told Bloomberg News, "where we were spraying and the neighbor's house went up like a candle." With public fire departments cut to the bone, gone are the days of Rapid Response, when everyone was entitled to equal protection. Now, increasingly intense natural disasters will be met with the new model: Rapture Response.
During last year's hurricane season, Florida homeowners were offered similarly high-priced salvation by HelpJet, a travel agency launched with promises to turn "a hurricane evacuation into a jet-setter vacation." For an annual fee, a company concierge takes care of everything: transport to the air terminal, luxurious travel, bookings at five-star resorts. Most of all, HelpJet is an escape hatch from the kind of government failure on display during Katrina. "No standing in lines, no hassle with crowds, just a first class experience."
HelpJet is about to get some serious competition from some much larger players. In northern Michigan, during the same week that the California fires raged, the rural community of Pellston was in the grip of an intense public debate. The village is about to become the headquarters for the first fully privatized national disaster response center. The plan is the brainchild of Sovereign Deed, a little-known start-up with links to the mercenary firm Triple Canopy. Like HelpJet, Sovereign Deed works on a "country-club type membership fee," according to the company's vice president, retired Brig. Gen. Richard Mills. In exchange for a one-time fee of $50,000 followed by annual dues of $15,000, members receive "comprehensive catastrophe response services" should their city be hit by a manmade disaster that can "cause severe threats to public health and/or well-being" (read: a terrorist attack), a disease outbreak or a natural disaster. Basic membership includes access to medicine, water and food, while those who pay for "premium tiered services" will be eligible for VIP rescue missions.
Like so many private disaster companies, Sovereign Deed is selling escape from climate change and the failed state--by touting the security clearance and connections its executives amassed while working for that same state. So Mills, speaking recently in Pellston, explained, "The reality of FEMA is that it has no infrastructure, and a lot of our National Guard is elsewhere." Sovereign Deed, on the other hand, claims to have "direct access and special arrangements with several national and international information centers. These proprietary arrangements allow our Emergency Operations Center to...give our Members that critical head start in times of crisis." In this secular version of the Rapture, God's hand is unnecessary. Not when you have retired ex-CIA agents and ex-Special Forces lifting the chosen to safety--no need to pray, just pay. And who needs a celestial New Jerusalem when you can have Pellston, with its flexible local politicians and its surprisingly modern regional airport?
Sovereign Deed could soon find itself competing with Blackwater USA, whose CEO, Erik Prince, wrote recently of his plans to offer "full spectrum" services, including humanitarian aid in disasters. When fires broke out in San Diego County, near the proposed site of the controversial Blackwater West base, the company immediately seized the opportunity to make its case. Blackwater could have been the "tactical operation center for East County fires," said company vice president Brian Bonfiglio. "Can you imagine how much of a benefit it would be if we were operational now?" To show off its capacity, Blackwater has been distributing badly needed food and blankets to people of Potrero, California. "This is something we've always done," Bonfiglio said. "This is what we do." Actually, what Blackwater does, as Iraqis have painfully learned, is not protect entire communities or countries but "protect the principal"--the principal being whoever has paid Blackwater for its guns and gear.
The same pay-to-be-saved logic governs this entire new sector of country club disaster management. There is, of course, another principle that could guide our collective responses in a disaster-prone world: the simple conviction that every life is of equal value.
For anyone out there who still believes in that wild idea, the time has urgently arrived to protect the principle.

Sinbad

Sindbad The Seaman and Sindbad The Landsman.

There lived in the city of Baghdad, during the reign of the Commander of the Faithful, Harun al-Rashid, a man named Sindbád the Hammál, one in poor case who bore burdens on his head for hire. It happened to him one day of great heat that whilst he was carrying a heavy load, he became exceeding weary and sweated profusely, the heat and the weight alike oppressing him. Presently, as he was passing the gate of a merchant's house, before which the ground was swept and watered, and there the air was temperate, he sighted a broad bench beside the door; so he set his load thereon, to take rest and smell the air,--And Shahrazad perceived the dawn of day and ceased saying her permitted say.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Hábitos saudáveis

Também no El País de 24 de Outubro, pág. 42, vem um artigo que faz a comparação entre os hábitos de vida saudável em vários países europeus. Põe Portugal bem à frente da Espanha. Na Europa dos 15 fica apenas atrás da Suécia. Quem diria?

Aprovado um plano para salvar Daimiel e o Guadiana

Do El País de 24 de Outubro, traduzo um artigo de M. R. S., Madrid, com a devida vénia (pág. 42). Parece-me um assunto extremamente importante. Veja-se o que ficou dito há dias sobre o Alqueva. Apesar da distância a que Daimiel fica da fronteira portuguesa há que ter muita atenção com esta situação. Assim, traduzo:



A seca e a sobreexploração de que sofre a zona do Guadiana pode terminar. O Governo e a Junta de Castela-Mancha aprovaram ontem um plano de 3.000 milhões de euros para recuperar o aquífero, muito afectado pelos anos de cultivo intensivo de milho e outras explorações.

O Plano Especial do Alto Guadiana tratará de recuperar, entre outros alvos, o Parque Nacional das Mesas de Daimiel, que se mantem artificialmente com água do Tejo e com a extraída por bombas do subsolo. Para isso pretende-se reordenar os usos dados à água do Guadiana.

A ministra do Meio Ambiente, Cristina Narbona, anunciou ontem que se vão comprar direitos de água para melhorar a situação do aquífero pelo valor de 40 milhões de euros. Uma acção que permitiria "a manutenção das actividades agrárias sustentáveis". A ministra assegurou que, no fim da legislatura, serão compradas mais de 900.000 hectares que contribuirão para a recuperação das Mesas de Daimiel. Para além do parque, beneficiarão com este plano 169 municípios (569.535 habitantes), segundo a Junta.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Referendo ao Tratado Europeu

Com a devida vénia, transcrevo do Jornal de Notícias o que escreve (mais uma vez, muito bem, com brilhante ironia) Manuel António Pina, sobre o referendo ao Tratado Europeu.

Queres referendo?Ora toma
Por outras, palavras, Manuel, António, Pina

Adepto do sensato cepticismo atribuído ao ex-capitão do F. C. do Porto, João Pinto, aquele do "prognósticos só no fim", eu não teria no entanto dúvidas a preencher o boletim do totobola do referendo ao Tratado Europeu punha 1 de caras, ou seja, estou certo (tanto quanto se pode estar certo de qualquer coisa) de que não haverá referendo e de que será a AR a assiná-lo de cruz. Dir-me-ão que Sócrates, na campanha de 2005, nos garantiu que haveria, que repetiu o mesmo já este ano (como que por acaso no dia 25 de Abril), que CDS, PCP, BE e o presidente da República o disseram também, que o PSD ainda há um mês o dizia. Só que, depois destes anos todos, já sabemos quando os políticos mentem: é quando estão a mexer os lábios. Não gastaria, por isso, cera com tal defunto não fosse o argumento de Vital Moreira, porta-voz oficioso do Governo, contra o referendo: o Tratado é complicado de mais para a mente simples do "cidadão comum", se o "cidadão comum" tentar lê-lo não passa da segunda página. Acha Vital Moreira que os "cidadãos incomuns" que se sentam na AR lerão o Tratado de fio e pavio e só o votarão depois de o compreenderem. Ora só quem não conhece o espírito crítico e a independência e craveira intelectuais que vão pela AR é que não lhe dará razão.
É claro. Quem viu Vital Moreira ...

terça-feira, 23 de outubro de 2007

A barragem do Alqueva

Este comunicado de Imprensa da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) parece-me extremamente importante. Que vamos fazer com este assunto? Se a LPN tem razão, mesmo que só em parte, estamos perante um grave problema. Vamos ler:


COMUNICADO DE IMPRENSA
PRÉMIO À BARRAGEM DO ALQUEVA É LAMENTÁVEL
A Liga para a Protecção da Natureza lamenta a atribuição de um prémio à barragem
do Alqueva*, o empreendimento com mais impactes negativos na região do Alentejo.
Como é possível premiar este empreendimento?????
 Quando teve enormes derrapagens nos custos orçamentados, em
consequência de se localizar sobre uma importante falha tectónica!
 Quando apresenta uma flagrante ineficiência económica e energética, função
do dispêndio de energia necessário ao regadio previsto para a região, numa
altura em que a promoção da eficiência energética é um imperativo!
 Assumindo que se trata de uma obra "integrada harmonicamente na paisagem"
quando implicou a perda irreversível de inúmero património arqueológico,
característico da paisagem alentejana, resultando exactamente no contrário do
que foi afirmado quanto à “contribuição do projecto para a recuperação do
acervo arqueológico da região”!
 Quando a comunidade científica espanhola considera o Guadiana um ‘cadáver
hidrológico’ devido ao consumo excessivo de água que sofre!
 Quando corre o risco de se tornar um desastre ambiental e humano à escala
do ocorrido no Mar de Aral - Ásia Central (pelo fomento não sustentado da
cultura do algodão e arroz em pleno deserto no tempo de Estaline), em
consequência da utilização de água de má qualidade, resultante do seu uso a
montante!
 Quando as alterações climáticas previstas antecipam quebras futuras de cerca
de 50% no escoamento superficial hidrológico, o que se reflectirá na diminuição
proporcional da qualidade das águas superficiais, tornando empreendimentos
como o Alqueva insustentáveis!
Em suma, é lamentável!
* Prémio Internacional Puente de Alcântara, atribuído pela Fundación San Benito de Alcântara,
de Cáceres, Espanha.
Lisboa, 15 de Outubro de 2007
A Direcção Nacional
da
Liga para a Protecção da Natureza
Para mais informações:
LPN - Liga para a Protecção da Natureza
Estrada do Calhariz de Benfica, n.º 187, 1500-124 Lisboa
Tel: 217 780 097 217 740 155 217 740 176
Tlm: 964 656 033 918 947 553
Fax: 217 783 208
www.lpn.pt
e-mail: lpn.natureza@lpn.pt
A Liga para a Protecção da Natureza (LPN), fundada em 1948, é uma Organização Não
Governamental de Ambiente (ONGA) de âmbito nacional. É uma Associação sem fins
lucrativos com estatuto de Utilidade Pública. A LPN é membro da IUCN (The World
Conservation Union), do EEB (European Environmental Bureau), do CIDN (Conselho Ibérico
para a Defesa da Natureza), do MIO-ECSDE (Mediterranean Information Office for
Environmental Culture and Sustainable Development) e do SAR (Seas at Risk).

Conservei deliberadamente todo o conteúdo da mensagem, incluindo os contactos da LPN, para quem quiser saber mais ter a vida facilitada.

domingo, 21 de outubro de 2007

Naomi Klein

Não percebi ainda quem é Naomi Klein. Será uma filósofa? Julgo que, pelo menos, é muito mais do que uma comentadora. Tem um sítio www.naomiklein.org. E já publicou vários livros. O mais famoso talvez seja No Logo, que já tem uns anos. Agora saiu outro, The Shock Doctrine. Li no blogue Common Dreams um artigo da senhora que me parece altamente importante: Outsourcing Government, que me parece uma análise importante sobre os efeitos das actuais políticas públicas. Ela centra a análise, como é lógico, nos EUA, mas parece-me que o que ela diz é facilmente generalizável. A Naomi Klein é canadiana, ao que julgo saber.

sábado, 20 de outubro de 2007

Arábia Saudita

Vocês sabiam que na Arábia Daudita as mulheres não podem guiar?

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Antero de Quental - A Um Poeta

Surge et ambula!
Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno,

Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno,
Afugentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares.
Um mundo novo espera só um aceno...

Escuta! é a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! são canções...
Mas de guerra... e são vozes de rebate!

Ergue-te pois, soldado do futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007



João no dia 18 de Outubro de 2007.

Eça

Leio outro livro interessantíssimo. Chama-se precisamente Eça. É da autoria de António Ramos de Almeida. Foi escrito para o centenário do nascimento de Eça de Queirós. O editor foi a Livraria Latina, do Porto. O exemplar que estou a ler pertence à Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira, cota: CMD 821.134.3.09.

domingo, 14 de outubro de 2007

Sean O'Casey - The Plough and the Stars

Fui hoje ver esta peça ao Teatro Municipal de Almada. A produção é da Companhia de Teatro de Almada (CTA) e do Teatro dos Aloés. Encenação de Bernard Sorel, com a colaboração de Francis Seleck e assistência de Sophie Vignaux. Fomos 35, a Leninha e eu, numa iniciativa (mais uma) da Cooperativa Alves Redol.

Sean O'Casey (1880-1964) foi uma das figuras mais importantes da literatura irlandesa. Apoiante desde cedo dos movimentos nacionalistas e das tradições irlandesas, afastou-se do nacionalismo e aderiu ao socialismo cerca dos trinta anos. Exerceu durante muito tempo profissões pouco qualificadas. Escreveu em jornais, publicou versos e textos sobre a revolução irlandesa. As suas primeiras tentativas no teatro fracassaram, mas em 1923 o Abbey Theatre aceitou produzir The Shadow of a Gunman. A seguir vieram Juno and the Paycock (1924) e The Plough and the Stars (1926). Houve distúrbios no teatro quando esta última peça foi apresentada, O'Casey sofreu ataques de nacionalistas e do meio literário de Dublin, e, muito encolerizado, acabou por se exilar em Londres.

Esta peça, que fui ver hoje, The Plough and the Stars (A Charrua e as Estrelas) é iminentemente pacifista. Descreve o ambiente em Dublin durante a revolta da Páscoa de 1916, numa perspectiva anti-belicista. Tempera a apresentação do sofrimento humano com imagens satíricas, usando de uma enorme compaixão pelas fraquezas dos vários actores sociais. É muito boa, e o trabalho da CTA de grande craveira.

Sobre Sean O'Casey ver a enciclopédia Collier's e os textos da CTA.

Olavo Bilac - A Um Poeta

Longe do estéril turbilhão da rua
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gémea da Verdade,
Arte Pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na sua simplicidade.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

OGM - Proposta do BE no Parlamento

Julgo importante prestar atenção a este assunto:

Bloco propõe na Assembeia da República moratória sobre OGM
data: 10/10
O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia da República uma proposta que recomenda ao Governo uma moratória sobre o cultivo de sementes que contenham ou sejam constituídas por Organismos Geneticamente Modificados (OGM).
Segundo o documento, em Maio deste ano, o governo alemão baniu a venda para sementeira do Milho “Mon 810” que tinha até então autorização de cultivo na Alemanha. Ao exigir que a comercialização apenas fosse admitida se a empresa comercializadora – Monsanto – apresentasse um plano de monitorização que avaliasse o impacto no ambiente, o governo Alemão congelou de facto novas culturas OGM.
Mais recentemente, no dia 21 de Setembro deste ano, o ministro do ambiente francês declarou ao jornal “Le Monde” que não sendo possível controlar a disseminação de OGM não é admissível correr riscos e daí a sua decisão de congelar a venda de sementes OGM até à alteração da lei. A França pode vir a juntar-se à Alemanha, Polónia, Áustria e Grécia e Hungria, no conjunto dos países que baniram o cultivo de sementes transgénicas.
Em Portugal pelo contrário, o governo tem vindo a aprovar desde 2005, legislação que se encontra em contra-ciclo com as preocupações de outros parceiros europeus acima mencionadas. Mais grave do que isso, o governo português tem vindo a permitir um regime que não cumpre adequadamente com o princípio de precaução, não previne o risco de contaminação das culturas convencionais e orgânicas e não garante nem a defesa da biodiversidade nem o direito de escolha dos consumidores.
Em Portugal vigorou, até à transposição da Directiva n. 2001/18/CE, a Lei n.º 12/2002, de 16 de Fevereiro que consagrava a suspensão da «libertação deliberada no ambiente de produtos geneticamente modificados». O Decreto-Lei n.º 72/2003, com as alterações introduzidas pelo Decreto-lei n.º 164/2004, transpôs para a ordem jurídica interna a Directiva n. 2001/18/CE. Faltava à altura regulamentar em matéria de “cláusulas de salvaguarda”, rastreio e monitorização e rotulagem.
O Decreto-Lei n.º 160/2005, de 21 de Setembro, que regulamenta o cultivo de sementes geneticamente modificadas, aprova o cultivo de todas as variedades inscritas no Catálogo Comum de Espécies Agrícolas. A regulamentação nele definida tem vindo a ser criticada em resultado das inadequações que apresenta: É imprevidente por permitir distâncias mínimas de isolamento de culturas OGM que não evitam a contaminação acidental das culturas convencionais ou orgânicas de campos vizinhos.
É falaciosa por contemplar medidas de controlo e acompanhamento só aparentemente se traduzem em controlo e acompanhamento. As medidas previstas não produzem outra avaliação que não seja a avaliação burocrática do cumprimento das regras formais, quando o que faz falta é a possibilidade de monitorizar o impacto das culturas com OGM para o ambiente. Na realidade não existem ainda, como o reconhece o Relatório A6-0032/2007 do Parlamento Europeu, quaisquer mecanismos instalados para detecção e protecção contra contaminações não previstas ou autorizadas.
É ineficaz porque não é suficientemente exaustivo na sequenciação das actividades de controlo e fiscalização ao longo de todo o processo de armazenamento, moagem e transformação de produtos derivados de culturas OGM, o que não só não previne a contaminação de outros cereais como distorce a veracidade da informação prestada aos consumidores finais.
Há por outro lado outras considerações à escala europeia que não podem deixar de ser tomadas em linha de conta:
1 - O estudo produzido pelo Eurobarómetro em 2005 demonstra que 70% dos consumidores na União Europeia têm opinião céptica em relação aos bens alimentares que contenham OGM. Este cepticismo está desde logo legitimado pelo facto de que não existe hoje uma certeza científica sobre as consequências para a saúde pública da entrada na cadeia alimentar de produtos contendo OGM.
Todo o processo de aprovação por parte da Comissão Europeia de sementes OGM é condicionado pelo parecer da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) que se tem confrontado com acusações de falta de transparência por parte de laboratórios e investigadores independentes.
Apesar de a Directiva CEE/2001/18 exigir transparência na determinação dos impactos de OGM para a saúde pública, a EFSA tem feito reserva de confidencialidade em relação a resultados laboratoriais apresentados pela entidade candidata à aprovação, o que impede a validação e comparação por parte da comunidade científica. Deste modo de actuação resulta a impossibilidade de melhorar o conhecimento sobre o resultado do consumo de OGM em alimentos e rações.
Deve notar-se que a aprovação do uso de agroquímicos como os pesticidas obriga à experimentação com pelo menos três espécies de mamíferos diferentes, ao passo que a aprovação de espécies OGM obriga à experimentação exclusivamente com uma espécie.
Isto cria um vazio científico que justifica plenamente que os governos tenham uma atitude de fazer prevalecer o princípio da precaução. Explica também a necessidade de alterar os protocolos de procedimento da EFSA de modo a conferir aos seus relatórios um maior nível de garantia científica.
2 - O Plano Estratégico Nacional para o Desenvolvimento Rural reconhece o crescimento da área agrícola dedicada ao modo de produção integrada e à agricultura biológica e apresenta como objectivo: «reforçar a coerência na política da qualidade alimentar, nomeadamente ao nível dos regimes de qualidade reconhecida. Propõe-se a criação de um sistema de qualidade nacional (regulação e apoio) assente em três pilares: Denominações de Origem; Agricultura Biológica; e Regime/modo de produção intermédio, nomeadamente a partir da produção integrada. Pretende-se assim criar condições para, de forma adequada à realidade de cada sector, promover um instrumento de desenvolvimento adicional, ao mesmo tempo que se clarificam as regras para produtores e consumidores, e ainda para a intervenção pública.»
Toda esta orientação estratégica fica posta em causa quando sabemos que entre 2005 e 2007 a área cultivada com milho geneticamente modificado mais do que quintuplicou: era de 783 há em 2005 e passou a ser de 4.129ha em 2007. Este crescimento representa uma ameaça para a estratégia acima definida uma vez que todo o investimento que os produtores de espécies e castas certificadas ou a aguardar certificação pode ser posto em risco de contaminação, particularmente quando a identificação dos agricultores aderentes à produção de variedades OGM e a localização das respectivas explorações agrícolas não é tornada do conhecimento público como exige o Decreto-Lei n.º 160/2005.
Não existe hoje ainda a possibilidade técnica de controlar a polinização cruzada no meio-ambiente. As correntes de ar, os insectos e as aves transportam os pólenes para distâncias que se estendem muito para além das distâncias de isolamento entre culturas que mesmo uma legislação mais previdente possa prever. É a impossibilidade científica e técnica de monitorizar este processo de polinização cruzada e portanto de contaminação de culturas convencionais e de culturas biológicas que resulta na proibição alemã de cultivo de OGM. É também essa a preocupação que norteia o ministro do ambiente francês. O ministro Jean-Louis Borloo declarou ao jornal Le Monde que: «Acerca dos OGM estamos todos de acordo: Não se pode controlar a disseminação, logo não se pode correr o risco.»
Na altura em que Portugal preside à União Europeia deve dar um sinal claro de ir ao encontro dos apelos que têm vindo a ser dirigidos aos Estados-membros no sentido de garantirem o direito de quem produz culturas convencionais ou biológicas não as ver contaminadas por OGM e o direito dos consumidores a garantidamente poderem optar por produtos alimentares não contaminados por OGM.
Nos termos regimentais e constitucionais, a Assembleia da República, reunida em plenário, resolve recomendar ao Governo que:
Aprove uma moratória sobre o cultivo de sementes que contenham ou sejam constituídas por organismos geneticamente modificados pelo período de três anos, findos os quais deverá ser feita uma reavaliação das garantias se segurança dos produtos alimentares deles resultantes para a saúde humana e sobre a possibilidade técnica de monitorizar e conter a polinização de culturas convencionais e biológicas por pólenes provenientes de culturas com produtos geneticamente modificados.

Já cinco países da UE suspenderam o cultivo das sementes transgénicas. Para quando informações claras sobre este assunto? O caso dos verdes eufémios trouxe uma publicidade negativa aos contestatários dos OGM (haveria realmente alguem por detrás deles? Quem?). O que é verdade é que é necessário saber mais sobre este assunto.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O tempo passa


Panorama Literário

Correia da Fonseca, na sua coluna no semanário Vida Ribatejana, de 26 de Setembro de 2007, intitulada nesse dia "A Transladação", referindo-se a Aquilino Ribeiro, cuja transladação para o Panteão Nacional é o objecto principal deste texto, escreve a dada altura:

"... Mas soubemos que Aquilino está ausente dos programas escolares portugueses, o que é mais que um escândalo, um crime contra o património cultural do País. É certo que contra o escritor foi há muito lançado o boato que seria de leitura difícil, quase impenetrável. O mesmo consta, também falsamente, de Saramago. Mas é curioso que não se diga o mesmo de outros autores de leitura nada fácil e muitas vezes fastidiosa acerca de quem só se ouvem louvores. Um deles, eterno candidato ao prémio Nobel da Inveja, foi há dias aplaudido em Berlim, por meia dúzia de gatos, e logo a TV se apressou em dar-nos a boa nova. ..."
´
Está claro quem é o candidato ao Prémio Nobel da Inveja. Mas o mais importante é aplaudir o lamento de Correia da Silva sobre a ausência de Aquilino nos programas escolares. Refere também no texto a ausência do escritor das livrarias. Julgo conveniente em todo o caso verificar esta dupla ausência, e depois, dar eco a este lamento em todos os lados.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Mário de Sá Carneiro - canção de declínio

Um vago tom de opala debelou
Prolixos funerais de luto d'Astro
E pelo espaço, a Oiro se enfolou
O estandarte real - livre, sem mastro

Fantástica bandeira sem suporte,
Incerta, nevoenta, recamada -
A desdobrar-se como a minha Sorte
Predita por ciganos numa estrada ...

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Editorial do Expresso de 5 de Outubro de 2007

Intitula-se este editorial "Estado e crise dos partidos". Diz a certa altura: "Por isso, sempre que se fala da crise dos partidos, do desinteresse da política, da falta de empenho cívico, fala-se, ainda que inconscientemente, do peso do Estado." A seguir relaciona o peso do Estado com o desinteresse dos jovens com competências pelos partidos (infere-se do texto que o editorialista se refere sobretudo ao PS e ao PSD), porque "ali não se trata de sonhos, de ideias, de vida, mas de empregos, de sinecuras, de 'tachos'. O editorialista atribui a crise dos partidos a este desinteresse dos jovens. E acaba a dizer que romper com o círculo formado pelo desinteresse dos jovens com competências pelos partidos - crise dos partidos - máquina do Estado alimentada pela máquina dos partidos - sensação de as ideias não valerem nada, nem o mérito ou o esforço - desinteresse dos jovens com competências, "Romper com esse círculo é fazer a reforma do Estado. Diminuir o seu peso, torná-lo transparente, dotá-lo de uma espinha dorsal profissional (e não de membros do aparelho político que está no poder).
Este raciocínio tem várias falhas. A primeira (e talvez a principal) é que omite que o actual estado de coisas se deve sobretudo à desideologização dos partidos, que quando estão no poder ou lá perto, são máquinas de ganhar eleições, e encaram o Estado como o meio para recompensar as suas clientelas, distribuindo lugares e benesses a quem os apoiou. Assim não há lugar para desenvolver políticas adequadas aos interesses do povo, até porque muitas vezes vão bulir directamente com interesses estabelecidos.
Outra falha é esquecer que os jovens estão a ser formados nas escolas não para desenvolverem políticas de interesse, mas sim para conseguirem bons lugares quando chegaram ao chamado mercado de trabalho. E isto na melhor das hipóteses. Os jovens aprendem na própria escola (ou fora dela) que para conseguirem o emprego de que precisam para sobreviver têm de estar ligados a boas influências, que é claro abundam mais nos partidos do poder ou em outras esferas tradicionais. Para conseguirem o tal emprego convem que sejam bem falantes, mas com ideias pouco heterodoxas.
É interessante contudo a referência à necessidade de o Estado ter uma espinha dorsal profissional. As medidas chamadas de reforma tomadas nos últimos anos apontam no sentido do enfranquecimento das estruturas profissionais existentes no Estado (na realidade resumem-se a reduzir regalias dos funcionários, e preparar o encerramento de serviços e despedimentos em grande escala). Passar por cima disto é, consciente ou inconscientemente, tentar iludir as pessoas. A não ser que o editorialista se queira apresentar como não pertencendo à área do poder, o que é estranho, não só tendo em conta a conhecida conotação do Expresso com o PSD (partido desde a sua fundação muito ligado ao Estado português), como também por uma tecla em que ele, editorialista, toca, e que tem sido insistentemente batida pelos partidos de direita e pelo PS (que muito boa gente também coloca na direita), ao fim e ao cabo, os partidos do poder. É a questão do peso do Estado, que acha ser necessário diminuir. Sem querer entrar agora na discussão profunda do assunto, cumpre dizer que querer diminuir o peso do estado, sem referir os objectivos que se pretende atingir (que não exclusivamente financeiros) com essa redução, os critérios utilizados para cortar nos serviços e as salvaguardas a criar para as populações afectadas, é o que tem sido feito ultimamente pelos governos PS e PSD-CDS. Faz-se o reparo que nada tem sido feito em prol da tal espinha dorsal profissional, a não ser dizer, aberta ou veladamente, aos profissionais dos serviços públicos, que fariam melhor em procurar emprego noutro lado.

domingo, 7 de outubro de 2007

Luís Vaz Camões, Os Lusíadas, Canto V, 37

Porém já cinco Sóis eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca de outrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando uma noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Uma nuvem que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Os McCann e os funcionários públicos portugueses

Hoje, no Jornal de Notícias, veio um texto curto do Manuel António Pina intitulado "Por conta dos McCann". Em poucas palavras resume as expectativas que ficam depois da demissão do coordenador da investigação do caso Maddie. Resume muito bem, e acaba com esta frase "Não custa pois a crer que, um dia destes, a PJ já esteja também a investigar por conta dos McCann e tudo volte finalmente à normalidade".

Este caso devia ser analisado pelos sindicatos, pelos partidos e por todos os que se interessam pela situação em que vivem os funcionários públicos. E mais ainda pelos que se interessam pelo funcionamento dos serviços públicos, e procuram criar condições para que estes possam para atingir os objectivos para que foram criados. Pois o que sucedeu ao Gonçalo Amaral é o que espera todos os funcionários que, em Portugal, levam a sério o seu trabalho e procuram cumprir com o seu serviço. E, neste caso, pelo menos até à data, e partindo de um certo prisma, parece que os chefes ainda não chatearam muito o homem. Foi insultado pelos jornais ingleses, teve uma reacção descontrolada, e apenas foi afastado da coordenação do processo. Ainda não lhe pregaram um processo disciplinar, nem falaram em correr com ele da função pública. Contudo, temo muito que lá chegarão.

O Gonçalo Amaral enfrenta um casal inglês, bem relacionado, bem parecido, bem aconselhado e que parece bastante determinado. É óbvio (muito mais óbvio que as razões que levaram ao afastamento de Gonçalo Amaral do processo) que a Maddie já não está neste mundo. Eu pessoalmente desejo estar enganado. Contudo, basta pensar no dinheiro que tem circulado em todo este processo para chegar ao ponto seguinte: se a pobre Maddie ainda estivesse neste mundo os eventuais raptores, ou alguém por eles, já teriam aparecido a reclamar a recompensa. Era bom que isto não fosse verdade. Contudo, o senso comum mais elementar diz-nos que infelizmente é verdade. E não me debruço sobre o modo como os pais têm procedido.

Já não vamos conseguir trazer a Maddie de volta, estou convicto. Contudo há coisas que é preciso reflectir. Não quero agora falar do papel deplorável da comunicação social, que o Daniel Oliveira já resumiu muito bem. Limito-me a referir que o caso Maddie põe em evidência, muito em evidência, a necessidade urgente de rever a maneira como o papel que os funcionários públicos desempenham, quando procuram cumprir os objectivos dos serviços, é avaliado e acompanhado pelos seus superiores hierárquicos, e pelos serviços em geral. Eu não acredito em sistemas de irresponsabilização. Mas é indispensável haver um mínimo de segurança na acção concreta, e dar a sequência devida aos resultados obtidos.

A "normalidade" que Manuel António Pina refere, muito a propósito, consiste em enterrar os resultados de muito e bom trabalho, sobretudo quando vai contra interesses, na maior parte das vezes não tão claros como no caso desta pobre criança. O combate a essa "normalidade" trará contributos muito mais significativos que todas as chamadas reformas desenvolvidas nos últimos anos sob o pretexto de querer melhorar a administração pública.

António Lobo Antunes

No JL da semana passada vem um questionário a Maria Alzira Seixo sobre o novo livro de António Lobo Antunes, O Meu Nome é Legião. Informa Maria Alzira Seixo que se está a ser preparado o Dicionário da Obra de António Lobo Antunes. Vem também um artigo de Agripina Carriço Vieira "Uma voz que diz ... o mal". Procede o JL à pré-publicação de um trecho do livro, e Rodrigues da Silva narra um encontro com ALA, após este ter sido operado. São quatro páginas ao todo. Não está mal.

Não consigo compreender a aceitação que gozam os livros de ALA.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Ilha do Pessegueiro



Ilha do Pessegueiro

Diz quem sabe que se trata de uma duna consolidada. A costa, antigamente devia ir mais longe. Esta paisagem vale realmente ser longamente contemplada.

Parece que a ilha já era ocupada no tempo dos romanos. Devia ser maior do que hoje. Está sem dúvida sujeita a uma intensa erosão pelo mar e pelo vento. Estarão previstos trabalhos para a sua preservação?

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Porto Covo




26 de Setembro de 2007

Vê-se bem qual a razão do topónimo Porto Covo.

No Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, encontra-se: Covo (ô), adj. (do lat. cophu-). Côncavo, fundo.

António Lobo Antunes

Estive a ler na Visão da semana passada uma extensa entrevista com o António Lobo Antunes. A certa altura, respondendo a uma pergunta sobre o que tinha sentido ao retomar a escrita do livro que agora vai publicar, se o tinha sentido como seu, diz: "Claro. Ninguém escreve assim. Não tenho a menor dúvida de que não há, na língua portuguesa, quem me chegue aos calcanhares. E nada disto tem a ver com vaidade porque, como sabe, sou modesto e humilde. A doença trouxe-me isso ...".

Fico a pensar se o António Lobo Antunes estará bem. Foi operado a um cancro e tem com certeza de enfrentar uma longa convalescença. Mas é demais falar desta maneira.

Nunca gostei dos livros dele. Tenho lido as crónicas que ele publica ultimamente na Visão e também no El País, e gosto da maior parte. Mas dos romances não gosto. Tentei ler vários e não gostei.

domingo, 23 de setembro de 2007

A quem aproveita a guerra no Iraque?

Sobre este assunto veja-se o que ontem, 22 de Setembro" veio publicado no "The Nation" pelo blogue Common Dreams, sob o título "Blackwater, Oil and the Colonial Enterprise". Na realidade aquilo que toda a gente já sabia, mas por medo, indiferença ou conivência, calava, é dito cada vez mais alto. A Guerra do Iraque é feita para servir interesses privados.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Proliferação de notícias sobre saúde. Apresento um resumo e quatro títulos do mesmo jornal

No Público de 20 de Setembro (ontem):

Resumo de notícia - Metade da população não tem como pagar dentista. Os dentistas procuram outros países para exercer a profissão. Segundo Monteiro da Silva, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, um estudo da Universidade de Liverpool, Portugal tem o pior cenário da Europa quanto a cuidados de saúde oral.

Quinto parto a caminho do Hospital de Viseu.

Queixa à Ordem sobre recusa de fármaco inovador a doente com cancro "não é inédita".

Obra da extensão de saúde de Castanheira do Ribatejo está parada há quase dois anos.

Seixal protesta contra encerramento dos SAP.

Pergunta: O que se passa com a Saúde? Está em falência? Temos de nos preparar para ir ao médico ao estrangeiro?

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Pierre Assouline

Vejam o blogue de Pierre Assouline, o biógrafo de Georges Simenon. Já deu, há anos, uma conferência no Instituto Franco-Português. http://passouline.blog.lemonde.fr/livres/. Muito interessante. Muito francês, mas não excessivamente.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Livro do Alan Greenspan The Age of Turbulence: Adventures in a New World

Leiam o que eu copiei (com a devida vénia) do Washington Post de 16Setembro07. Vejam o blogue Common Dreams.


"Published on Sunday, September 16, 2007 by the Observer/UK
Greenspan Admits Iraq was About Oil, As Deaths Put at 1.2 Million
by Peter Beaumont and Joanna Walters in New York
The man once regarded as the world’s most powerful banker has bluntly declared that the Iraq war was ‘largely’ about oil.
Appointed by Ronald Reagan in 1987 and retired last year after serving four presidents, Alan Greenspan has been the leading Republican economist for a generation and his utterings instantly moved world markets.
In his long-awaited memoir — out tomorrow in the US — Greenspan, 81, who served as chairman of the US Federal Reserve for almost two decades, writes: ‘I am saddened that it is politically inconvenient to acknowledge what everyone knows: the Iraq war is largely about oil.’
In The Age of Turbulence: Adventures in a New World, he is also crystal clear on his opinion of his last two bosses, harshly criticizing George W Bush for ‘abandoning fiscal constraint’ and praising Bill Clinton’s anti-deficit policies during the Nineties as ‘an act of political courage’. He also speaks of Clinton’s sharp and ‘curious’ mind, and ‘old-fashioned’ caution about the dangers of debt.
Greenspan’s damning comments about the war come as a survey of Iraqis, which was released last week, claims that up to 1.2 million people may have died because of the conflict in Iraq — lending weight to a 2006 survey in the Lancet that reported similarly high levels.
More than one million deaths were already being suggested by anti-war campaigners, but such high counts have consistently been rejected by US and UK officials. The estimates, extrapolated from a sample of 1,461 adults around the country, were collected by a British polling agency, ORB, which asked a random selection of Iraqis how many people living in their household had died as a result of the violence rather than from natural causes.
Previous estimates gave a range between 390,000 and 940,000, the most prominent of which — collected by the Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health and reported in the Lancet in October 2006 — suggested 654,965 deaths.
Although the household survey was carried out by a polling organization, rather than researchers, it has again raised the specter that the 2003 invasion has caused a far more substantial death toll than officially acknowledged.
The ORB survey follows an earlier report by the organization which suggested that one in four Iraqi adults had lost a family member to violence. The latest survey suggests that in Baghdad that number is as high as one in two. If true, these latest figures would suggest the death toll in Iraq now exceeds that of the Rwandan genocide in which about 800,000 died.
The Lancet survey was criticized by some experts and by George Bush and British officials. In private, however, the Ministry of Defense’s chief scientific adviser Sir Roy Anderson described it as ‘close to best practice’.
© Guardian News and Media Limited 2007"

Interessante isto, não é? Ele reconhece que os americanos foram para o Iraque por causa do petróleo. Deve haver quem se esteja a retorcer por causa das saídas do Greenspan.

domingo, 16 de setembro de 2007

Domingo. Estou a analisar o PAMA

Hoje tenho estado a analisar o regulamento do Programa de Apoio ao Movimento Associativo, já aprovado em reunião do executivo da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Vai ser discutido na Assembleia Municipal da próxima terça-feira, dia 18 de Setembro. Trata-se de um documento interessante, mas que julgo merecer vários reparos.

sábado, 15 de setembro de 2007

Eça e Camilo

António Ramos de Almeida escreveu, na pág. 12: "Eça só poderá atingir a popularidade de Camilo, quando o povo português adquirir um grau de cultura que lhe revele o sendo do ridículo, base do génio satírico de Eça de Queiroz".

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Eça

António Ramos de Almeida, no seu livro "Eça - cem anos depois", editado no centenário do nascimento do escritor, pela Livraria Latina Editora, diz na pág. 10:

Isto não quere dizer que Eça seja o nosso romancista mais popular, ou melhor, que tenha escrito os nossos romances mais populares. Eça não tem nenhum romance que tenha alcançado a popularidade de "O Amor de Perdição" ou de "As Pupilas do Senhor Reitor".

Julgo que o vem acima transcrito talvez tivesse razão de ser em 1945, quando o livro foi publicado. Actualmente julgo que já não corresponderá à verdade. Eça é para muitos o maior escritor português. Camilo ultimamente tem sido um tanto esquecido, sem dúvida que injustamente. Nem os filmes do Manoel Oliveira que adaptaram algumas das histórias e temas do Camilo contribuiram para atenuar esta situação. É verdade que os filmes do Manoel Oliveira, em Portugal, não são muito populares.

Actualmente, julgo poder dizer que Os Maias ou O Crime do Padre Amaro são mais conhecidos que Amor de Perdição.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Impressões de madrugada

São 5.35 da manhã. Estive a ler um belo texto do Eduardo Lourenço, intitulado "Para Sempre", publicado na Visão de 30 de Agosto. É dedicado ao Eduardo Prado Coelho, e dá umas ideias sobre o estado actual da crítica literária.

O Eduardo Prado Coelho era um ano mais novo do que eu. Nunca o conheci. Curiosamente, lembro-me do pai dele, um dia na minha casa, era eu muito pequeno. Não sei quantos anos tinha.
Devia ser quando a minha mãe ainda era professora na Faculdade de Letras.

Um dia de navegação

Estive a escrever sobre a situação do viaduto da Estrada dos Caniços, entre o Forte da Casa e a Póvoa de Santa Iria. É inconcebível como deixou a obra avançar até ao estado em que se encontra. Um pilar empenado e é totalmente inviável fazer uma saída em condições de servir um volume de tráfego automóvel para o lado da Póvoa.

Continuo a ler o Manuel Vásquez Montalbán. Acho curioso que ele seja relativamente pouco conhecido em Portugal. Na minha opinião, é muito mais interessante que o Pérez-Reverte. Talvez um pouco fatigado, nos últimos livros. Muito talentoso. A Autobiografia do General Franco e Galindéz são dois livros fora de série. E os Pepe Carvalho, também muito bons na maioria.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

O dia inaugural

Hoje é o sexto aniversário do atentado de Nova Iorque. Também faz anos que foi criado o concelho da Amadora, em 1979.

Mas a actualidade está dominada pelo caso Maddie, a menina inglesa desaparecida. Trata-se de uma história horrível, que oxalá que seja esclarecida depressa. Tem-se falado demais, e eu não quero colaborar nos excessos "voyeurísticos" que têm enchido a comunicação social. Até mais logo.

João Machado