Este livro foi editado em 1969, pela editora Laterza, de Bari. A edição foi orientada por Giuseppe Tavani, que também se encarregou das traduções, com a colaboração de Maria Vargas, a qual, segundo algumas informações que me deram, seria na verdade Maria Lamas, a jornalista, autora e activista política. Inclui poemas de Agostinho Neto, Costa Andrade, José Craveirinha, Kaoberdiano Dambará, Alda do Espírito Santo, Aguinaldo Fonseca, Mário Fonseca, Armando Guebusa, António Jacinto, Marcelino dos Santos, Gabriel Mariano, Ovídio Martins, Rui de Noronha, Jorge Rebelo, Aires de Almeida Santos, Arnaldo Santos, Onésimo Silveira, Noémia de Sousa, Francisco-José Tenreiro, Sérgio Vieira.
O livro foi-me emprestado pelo Manuel Simões, a quem muito agradeço. Tem uma interessante introdução da autoria do ensaísta angolano Mário de Andrade (Mário Pinto de Andrade, 1928-1990), que também escreveu um apêndice La Poesia Africana di Espressione Portoghese. A seguir uma cronologia da repressão e da revolta armada, elaborada por Maria Vargas, seguindo-se umas notas bio-bibliográficas sobre os autores seleccionados. Termina com um glossário das palavras africanas não traduzidas, algumas das quais são puramente e simplesmente palavras portuguesas.
Permito-me transcrever aqui, com a devida vénia, um poema de Gabriel Mariano, poeta de S. Nicolau de Cabo Verde, (José Gabriel Lopes da Silva, 1928-2002), que figura na página 106 de Poesia Africana di Rivolta.
Capataz de escravos
é o que tu és meu irmão comissário.
Não os vês seguindo
nos porões seguindo?
Quem dizes tu que eles são
nos porões dormindo?
Quem dizes tu que eles são
nos porões comendo?
Quem dizes tu que eles são
nos porões cantando?
Quem dizes tu que eles são comissário ad hoc? Porcos?
Porco, não, comissário ad hoc
porco não canta.
Eles os que seguem nos porões cantando
são homens de carne como tu irmão
de carne e nervos como tu irmão.
Tu segues em camarote fino, reservado, preparado irmão
tu segues em camarote fino
e eles nos porões cantando.
Tu o que és comissário
irmão de sangue, irmão de sofrimento
tu o que és (choremos lágrimas na traição comum)
tu o que és...
Capataz de escravos é o que tu és
Comissário Ad Hoc.
O livro foi-me emprestado pelo Manuel Simões, a quem muito agradeço. Tem uma interessante introdução da autoria do ensaísta angolano Mário de Andrade (Mário Pinto de Andrade, 1928-1990), que também escreveu um apêndice La Poesia Africana di Espressione Portoghese. A seguir uma cronologia da repressão e da revolta armada, elaborada por Maria Vargas, seguindo-se umas notas bio-bibliográficas sobre os autores seleccionados. Termina com um glossário das palavras africanas não traduzidas, algumas das quais são puramente e simplesmente palavras portuguesas.
Permito-me transcrever aqui, com a devida vénia, um poema de Gabriel Mariano, poeta de S. Nicolau de Cabo Verde, (José Gabriel Lopes da Silva, 1928-2002), que figura na página 106 de Poesia Africana di Rivolta.
Capataz de escravos
é o que tu és meu irmão comissário.
Não os vês seguindo
nos porões seguindo?
Quem dizes tu que eles são
nos porões dormindo?
Quem dizes tu que eles são
nos porões comendo?
Quem dizes tu que eles são
nos porões cantando?
Quem dizes tu que eles são comissário ad hoc? Porcos?
Porco, não, comissário ad hoc
porco não canta.
Eles os que seguem nos porões cantando
são homens de carne como tu irmão
de carne e nervos como tu irmão.
Tu segues em camarote fino, reservado, preparado irmão
tu segues em camarote fino
e eles nos porões cantando.
Tu o que és comissário
irmão de sangue, irmão de sofrimento
tu o que és (choremos lágrimas na traição comum)
tu o que és...
Capataz de escravos é o que tu és
Comissário Ad Hoc.
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