No Público de 12 de Março de 2010, na coluna Opinião, Vasco Pulido Valente (VPV) diz-nos que "os portugueses toleram (ou, mais precisamente, aprovam) a corrupção". Remata o seu texto informando-nos que "Não é agora altura de mudar os costumes".
Obviamente que isto é o que VPV pensa. Melhor, é o que VPV deseja. A corrupção, como toda a gente sabe, tem origem nas grandes diferenças sociais, e resulta basicamente do desejo das camadas privilegiadas de continuarem a ser privilegiadas. Quem não tem privilégios, e deseja a eles aceder, tem de violar as regras e recorrer a tratamentos de favor. Tem de procurar que algum privilegiado lhe dê uma ajuda, em troco sabe-se lá do quê. A não ser que algum familiar, ou amigo do peito, resolva ajudar graciosamente, de boa vontade, sem pedir retribuição. Portugal continua a ter grandes diferenças sociais. Os privilegiados querem continuar a ser privilegiados. VPV acha muito bem. Eu não. Será isto o direito à diferença?
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