Graciliano Ramos (1892 - 1953), escritor brasileiro, natural de Quebrângulos, no estado de Alagoas. Começou por ser comerciante, e escrever para jornais. São Bernardo terá sido o seu primeiro romance de sucesso. Foi publicado em 1934. Anteriormente tinha escrito Caetés (1933), onde se sente, ao que parece as leituras de Eça de Queirós. Depois escreveu Angústia (1936), e Vidas Secas (1938), o seu romance mais famoso. Escreveu ainda Histórias de Alexandre (1944), Insónia (1947), um livro de contos, e ainda dois livros de memórias, Infância (1945) e Memórias do Cárcere (1953).
Acabei de ler São Bernardo no sábado passado, dia 5 de Março. É um romance interessantíssimo, contado na primeira pessoa, por Paulo Honório, um indivíduo de cerca de cinquenta anos, de origem humilde, que à custa de muito esforço, e poucos escrúpulos, se consegue alcandorar a fazendeiro importante na sua terra. Um casamento com uma senhora pobre, mas com uma educação superior é um fracasso, que acaba com o suicídio da esposa. As crises políticas e económicas dão cabo da sua fortuna, e o Paulo Honório, talvez por se sentir um ignorante, e querer ultrapassar essa situação, ou por querer mostrar que percebe os erros que cometeu, resolve contar a sua história. O resultado é admirável. A reconstituição da vida do Nordeste é fortíssima, atingindo uma grande vitalidade. A construção do enredo, a linguagem utilizada estão muito apropriadas. Dizem que Graciliano Ramos se afastou neste romance da influência de Eça de Queirós, e se integrou nas tradições do romance brasileiro, com destaque para Machado de Assis.
Li o livro na edição do livro de bolso da Europa-América, onde tem o número 336. Pedi o livro emprestado na Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira.
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