sexta-feira, 23 de maio de 2008

A propósito de "O Tibete apanhado no sonho do Outro"

Lemos no Monde Diplomatique deste mês de Maio, artigo do filósofo Slavoj Zizek, último parágrafo:

"Que irá acontecer se a conjugação viciosa do chicote asiático e da Bolsa europeia se revelar economicamente mais eficaz do que o nosso capitalismo liberal? Será isso um sinal de que a democracia, tal como a entendemos, já não é uma condição e um motor de desenvolvimento económico, mas sim um obstáculo a este último?"

Esta é a questão mais pertinente dos tempos actuais. Glorifica-se o capitalismo e procura-se associá-lo ao triunfo da democracia. Mas o que se procura etiquetar como o triunfo do capitalismo sobre o marxismo e o socialismo em geral vai levar na realidade a humanidade a um retrocesso horroroso, e reduzi-la a um estilo de vida que se resume no que Malthus diz (transcrição em História das Ideias Políticas, de Jean Touchard, Vol. II, pág. 198, edição portuguesa da Europa- América, tradução de Mário Braga):

"Os pobres não têm qualquer direito a ser mantidos [...] Não está no poder dos ricos fornecer aos pobres ocupação e pão, e, consequentemente, os pobres, pela própria natureza das coisas, nenhum direito têm de lhos pedir." Refere a seguir Jean Touchard: "Aos pobres, portanto, o jovem pastor recomenda o celibato até que possam constituir uma família".

É para estes tempos que vamos regredir, senão pior.


quarta-feira, 21 de maio de 2008

Silent Fall

Vi este filme ontem à noite (segunda para terça-feira, a partir de cerca da uma da manhã) na RTP1.
Gostei bastante. Um argumento forte e boas interpretações. Gira á volta de uma história de abuso infantil que acaba em assassinato. Mereceu uma introdução na wikipedia e uma referência no IMDB (http://www.imdb.com/title/tt0111187/) - Internet Movie Database. É de 1994. Direcção de Bruce Beresford.

O título em português é Sem Testemunhas.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Summer of Sam

Há pouco estive a ver no canal AXN, SOS - Summer of Sam, de Spike Lee. Se bem percebi, este filme data de 1999. Foi apresentado em Portugal com o título Verão Escaldante. Muito divertido, e bastante corrosivo, trata da vida em Nova Iorque de indivíduos que vivem na marginalidade ou à beira dela (trata-se do lumpenproletariado), tendo como pano de fundo a perturbação causada por um serial killer na vida da comunidade.

Extremamente bem feita, apresenta vários actores famosos como John Leguizamo, Adrien Brody, Mira Sorvino, Jennifer Exposito e outros. De destacar a colaboração de Michael Imperioli (famoso pela sua intervenção na série A Família Soprano), que intervem como actor, colaborou no argumento e noutros aspectos do filme.

Spike Lee (Shelton Jackson Lee) é um cineasta ainda relativamente jovem (nasceu em 1957, salvo erro, na Georgia) que tem demonstrado um capacidade fora do vulgar, tanto no aspecto do conteúdo dos seus filmes, como também do respectivo tratamento. No princípio da sua carreira ter-se-á centrado muito no problema racial (não conheço os seus filmes), mas depois evoluiu para uma crítica social mais abrangente. Neste filme, que se passa sobretudo entre italianos e judeus, exibe, com maestria, um espírito crítico muito preciso e um enorme conhecimento da vida novaiorquina. Atinge uma enorme eficácia ao conseguir mostrar a corrupção e o desencanto vigentes na Big Apple.