sexta-feira, 23 de maio de 2008

A propósito de "O Tibete apanhado no sonho do Outro"

Lemos no Monde Diplomatique deste mês de Maio, artigo do filósofo Slavoj Zizek, último parágrafo:

"Que irá acontecer se a conjugação viciosa do chicote asiático e da Bolsa europeia se revelar economicamente mais eficaz do que o nosso capitalismo liberal? Será isso um sinal de que a democracia, tal como a entendemos, já não é uma condição e um motor de desenvolvimento económico, mas sim um obstáculo a este último?"

Esta é a questão mais pertinente dos tempos actuais. Glorifica-se o capitalismo e procura-se associá-lo ao triunfo da democracia. Mas o que se procura etiquetar como o triunfo do capitalismo sobre o marxismo e o socialismo em geral vai levar na realidade a humanidade a um retrocesso horroroso, e reduzi-la a um estilo de vida que se resume no que Malthus diz (transcrição em História das Ideias Políticas, de Jean Touchard, Vol. II, pág. 198, edição portuguesa da Europa- América, tradução de Mário Braga):

"Os pobres não têm qualquer direito a ser mantidos [...] Não está no poder dos ricos fornecer aos pobres ocupação e pão, e, consequentemente, os pobres, pela própria natureza das coisas, nenhum direito têm de lhos pedir." Refere a seguir Jean Touchard: "Aos pobres, portanto, o jovem pastor recomenda o celibato até que possam constituir uma família".

É para estes tempos que vamos regredir, senão pior.


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