A questão do BCP tem dominado a vida nacional. É claro que os prejuízos causados pelos conflitos entre os cavalheiros que campeiam naquela instituição vão ser pagos por todos nós, Entretanto, uma das tretas que nos querem fazer engolir é de que a crise causada por aqueles conflitos deriva da intromissão do Estado. Contudo uma leitura superficial dos jornais revela que muitas coisas falharam e, entre elas, a actuação adequada do órgão fiscalizador, o Banco de Portugal.
Na realidade, e ao contrário da citada treta, mais uma vez se desvela o peso que os lobbies privados têm no país. São eles que controlam o Estado, e não o Estado que os controla a eles. Veja-se o número de ex-governantes e de altos funcionários que cirandam pelas listas candidatas. E destaca-se entre eles Miguel Cadilhe, ex - Ministro das Finanças de Cavaco Silva. Na sua lista aparece também Bagão Félix, com grande currículo governamental. Na outra, a acompanhar Santos Ferreira aparece Armando Vara, veterano da banca e de lugares públicos. Bom, vão-me dizer, tu tens é inveja.
Afianço que não tenho inveja. E que acho que esta Nomenklatura (não era uma coisa destas que se dizia que existia na União Soviética?) defende os tais lobbies privados (dos quais são membros destacados) e não o Estado, ou os portugueses. Passeiam-se para cá e para lá, e nós a vê-los. Com inveja, claro, dirão. Hoje, o prestimoso José Manuel Fernandes, no seu editorial no Público, diz que "o mais valioso capital social de uma comunidade está para além das leis, está nas regras de comportamento não escritas que tornam insuportável aos seus membros conviver com o excesso de injustiça. Ou ser parte dessa injustiça." Está ele com receio de que apareçam leis a controlar a Nomenklatura?
4 comentários:
conta-me a história da nomenklatura.
É muito complexo. Resumidamente, é assim: em cada país tende a formar-se uma camada de individualidades, ligadas aos altos cargos do estado, exército, igreja (ou igrejas!), bancos, grandes empresas,comunicação social, com influência maior ou menor nas decisões mais importantes, públicas e privadas. Asseguram a manutenção desses altos cargos em mãos de pessoas pertencentes a essa camada, velam a que a entrada de novos membros nesse meio seja reservada a pessoas que não contestem o estado de coisas
vigente. São eles quem manda no país, na realidade.
Até tu meu pai! já não posso com a conversa do BCP!
Filha, temos de refletir porque é que o BCP se tornou tão falado. É claro que a banca influencia muito a nossa vida. E que estas "touradas" à volta de quem manda nela têm de acabar!
Enviar um comentário